23 October, 2007

Sonhar em estado lúcido

Às vezes um, noutras, vários e em muitas das noites, nenhum.
Há quem diga no entanto que sonhamos sempre.
Todas as noites enquanto dormimos, criam-se sonhos.
Fechamos os olhos e a alma dorme noutro lugar.
Os órgãos acalmam não deixando no entanto, de bater e de cumprir sua função.
A imaginação começa.
Representações visuais nascem e os olhos estão fechados… É precisamente quando estes, que por obrigação biológica, cessam, que a um outro é permitido criar imagens e navegar outro mundo.
O olho do sonho começa sua aventura.
Uma aventura criada internamente mas de cariz involuntário.
Se reparamos bem dormimos quase 1/3 de vida, e assim, sonhamos também durante uma boa parte do nosso viver. Ziliões de seres racionais e irracionais, ciclicamente, em partes opostas no mundo quase pela mesma altura, fazem o mesmo.
Deve ser algo de importante para ocupar tanto tempo da nossa vida. Das nossas vidas.
Também se fazem contas deste género para a comida. Passamos, dizem, %% de anos a comer.
Mas sonha-se muito mais do que aquilo que se come.
Para além do sonhar, dormir é uma altura em que o cérebro aprende bastante. Resolvem-se problemas complexos com uma noite bem dormida. O órgão recupera e descansa da tarefa de absorver e filtrar os infinitos estímulos do mundo exterior. Já só interage consigo mesmo. E em paz, desempenha uma performance importante. Tem tempo e espaço suficiente para organizar e limpar a informação que tem, tornando mais sólido o que aprendemos no(s) dia(s) anterior(es).
Enquanto dormimos libertamos stress, produzimos hormonas, estimulamos a memória e eliminamos radicais livres. Descortinam-se formas renovadas de solucionar importantes situações do nosso quotidiano. Tudo isto aliado à respiração que tem uma qualidade melhor, mais calma e mais profunda, quando dormimos.
Raia o dia e estamos novamente com energias frescas.
Dormir mal pode-nos valer …muito pouco. Existem, 82 doenças do sono e são as que conhecemos até há altura, porque podem ser mais ou modificáveis consoante os tempos que se vivem.
Aguentamos 40 dias sem comer, uns poucos sem beber água.
Se passarmos 3 dias sem dormir podemos não mais acordar.
Se nos conseguirmos safar vivos, altera-nos profundamente. Alucinamos fortemente (daí a privação de sono ser uma das muitas formas que os xamãs, e não só, usam para atingir outros estados de consciência onde podem viver outras realidades que dão respostas ao que precisam saber).
Dormir além de agradável é uma necessidade essencial. Sonhar também. (?)
É normalíssimo em muitas das tribos que existem, contarem-se os sonhos entre a família e entre as pessoas que constituem tal tribo. Tentam-se descobrir significados dos sonhos em conjunto. É-lhe dada relevância. Todos os dias em estado de vigília, reflectem-se os sonhos de cada um. Os pais desde cedo, ensinam os filhos a dar valor ao que se vê durante a noite, quando as pálpebras se unem. É tão ritual quanto almoçar ou tomar banho. Faz parte da cultura.
Existem institutos do sono em vários locais do mundo. Há muitas pessoas a interessarem-se e a dedicarem seus esforços para a melhor compreensão da “tal viagem”.
Um dos aspectos mais intrigante dos sonhos é a possibilidade de poder agir neles conscientemente!
Sonhos lúcidos. Foi Laberge que assim os designou.
“ Sonhar, sabendo que estamos a sonhar”.
A veracidade dos sonhos lúcidos já foi comprovada com método científico e é tema estabelecido na mesma comunidade. Não é assunto para anormais nem paranormal.
Num sonho lúcido, temos a felicidade de ter a noção de que estamos a sonhar enquanto o estamos efectivamente. O que era involuntário, torna-se algo voluntário.
Agimos no sonho, tendo a sensibilidade e as emoções que se tem na realidade diária. Podemos escolher, alterar, somos livres de traçar o desenrolar de toda a acção sonhada.
Somos criadores conscientes e daí termos a possibilidade real de aprender muito …à pala do que se sonha.

Penso, muito sinceramente, que preferia muito mais, saber como explorar os sonhos
do que saber a letra do Hino nacional, por exemplo.
Seria curioso, penso eu, se na escola um dia se “ensinasse” a …...