05 June, 2008

What maked (or makes) people come together ? (besides Music, como Madonna diria)

Uma das importantes questões dos arqueólogos, antropólogos e de outros profissionais que se entregam às ciências sociais, um pouco por todo o mundo, é precisamente, o que fez com que as pessoas se agrupassem. O que terá sucedido?
Qual será a necessidade que queremos nutrir quando, de uma pequena unidade familiar, se constituem ou nascem cidades de centenas ou milhares de pessoas a viverem sob o mesmo tecto moral, com regras, tarefas e posições definidas, com a consciência comum do bem e do mal comum, com determinadas e conhecidas formas de se organizarem, o viver em sociedade.
O que é que nos fez juntar (jantando entretanto), unir, ser com os outros, agrupar ?
Onde mora a razão da necessidade de conviver (com os que nos rodeiam e que connosco formam o mundo) e de complexificar tais redes sociais, ao ponto de formarmos duetos relacionais, equipes, conjuntos, grupos, famílias, tribos, redes de pessoas, cultura, civilização, sociedades.
A unidade simples, por alguma razão, já desde os tempos mais primordiais que se vai tornando mais complexa. Esta é uma das questão essenciais dos arqueólogos (e não só).
Civilizámos-nos….Por obra e graça de quem???
Até há pouco tempo, tudo o que sabia acerca das primeiras civilizações, todas as pistas e dados, daqueles estudos que duram décadas, apontavam essencialmente para uma razão.
A civilização nasce a partir do receio do outro, do próximo que desconhecemos. As sociedades ancestrais nascem, portanto, da necessidade de nos unirmos contra os povos “vizinhos”, contra aqueles que sendo iguais a nós, parecem inimigos e como tal é necessário unir forças. A civilização nasce, então, segundo as antigas teorias, porque existe medo, necessidade de nos protegermos da ameaça que o outro (humano também) representa em nós. A sociedade forma-se porque existe violência. Civilização nasce, basicamente, porque existe necessidade de conquista, guerra e luta entre humanos.
Á parte de tudo isto, em 2001 (e em arqueologia é considerado algo recente), Ruth Shady Solís, apesar de não ter sido a primeira, (re) descobriu a cidade de Caral, no Peru.
Estudou-a, juntamente com a sua crew, durante anos. Conseguiu provar a uma reticente comunidade científica que as pirâmides de Caral são as mais antigas descobertas até então. E que descoberta! Através de 42 datações rádio carbónicas realizadas nos Estados Unidos, confirmou-se o “troféu” no que respeita à sua antiguidade. A cidade Sagrada
de Caral tem aproximadamente 5000 anos de existência antes de Cristo.
O que a torna a cidade mãe. O berço da humanidade, a primeira respiração civilizacional. (colocando-nos, assim, cada vez mais perto da questão essencial).
O que mais intriga nesta grande descoberta é o que se acaba por descobrir por lá.
Afinal de contas, e o que mais surpreende, são as evidências que esta primeira cidade humana evidencia ao mundo de hoje.
Não existe uma única pinga, sinal, frase, padrão de violência. Não existem, por mais anos que se procure, evidências ou provas de conflito, atrocidades, mares de sangue, barbárie, luta ou guerra. Não existe na primeira cidade humana uma única arma.
Não são perceptíveis vestígios alguns de violência.
Todas as provas encontradas, durante todos estes anos permitem concluir que a cidade de Caral seria uma civilização que se baseou para o seu próprio perpetuar e bem estar, no comércio, pesca, gentileza, música, amor, drogas...mas sobretudo... o berço da civilização mundial era uma cidade em estado de paz.
As provas falam por si.

A primeira “nossa” cidade nasce não da violência mas através da paz.