29 November, 2007

Light Poetry I

Quem morre?

Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is”
em detrimento de um redemoínho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, ou amor, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho quem não se permite, pelo menos uma vez na vida a fugir dos conselhos sensatos...


Pablo Neruda